segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sporting 1, Marítimo 0

O Sporting venceu o Marítimo por uma bola a zero ontem à tarde, com um golo de Matias Fernandez ao cair do pano. Está fácil de ver que se tratou de uma vitória muitíssimo suada.

Os leões alinharam com Rui Patrício, João Pereira, Evaldo, Carriço e Nuno André Coelho na defesa. O meio campo foi composto por André Santos, Zapater e Maniche. Nas alas alinharam Vukcevic e Yannick e o ponta de lança foi Liedson. Um 4-3-3 com um meio campo muito musculado de acordo com o que havia sido prometido por Paulo Sérgio: Uma equipa mais pragmática, a não ter tanta pressa para chegar à baliza, mas ao mesmo tempo mais segura. E de facto, o Sporting denotou muita falta de criatividade. Não chegou muitas vezes à àrea adversária, e sempre que o fez foi através de passes longos. Isto porque, no meio campo, Zapater e Maniche raramente se desdobraram e deram uma referência como vertice mais avançado do meio campo. Ou a bola entrava directamente em Liedson, ou então tinha que se verticalizar o jogo com a bola a entrar rapidamente nos extremos. Contudo o Marítimo estava mais do que preparado para isto, e nunca permitiu que Evaldo e João Pereira conseguissem municiar Yannick e Vukcevic.

Contudo, a virtude, foi o facto da equipa estar mais compacta e raramente permitir ao Marítimo que construísse jogo. Defesa subida, e Rui Patrício a fazer um excelente papel como líbero. Numa dessas jogadas, em que impediu mais um contra ataque do Marítimo acabou por lesionar João Pereira.

Na segunda parte o Sporting apareceu um pouco melhor. E podia ter feito golos, mas continuou a revelar algum desacerto na finalização. Claramente meio campo a menos, para o que era necessário. Paulo Sérgio mudou de táctica e colocou Yannick no vertice mais avançado de um losango no meio campo, no apoio a Vukcevic e Liedson. Mas Maniche e Zapater mantiveram-se muito longe do jogo e não havia maneira do Sporting furar a muralha do Marítimo.  Na defesa, continuava tudo tranquilo, muito embora a equipa do Sporting continuasse a tremer.  O Marítimo acabou mesmo por ter uma grande oportunidade de golo, num lance em que Patrício exagerou nas suas funções de líbero.  André Santos e Maniche ameaçaram de longe, Liedson falhou isolado na pequena àrea, mas o Sporting não conseguia furar a defesa do Marítimo. Até que no último minuto, aos trambolhões, a bola sobrou para Matias Fernandez na àrea, que não consegue rematar e quando Liedson vai emendar surge uma falta milagrosa. 89 minutos, Penalty e Matigol a não perdoar.


E o Sporting venceu. Não jogou bem, mas pela posse de bola (outra vez 65%), pelos remates, pela tempo que acampou no meio campo do Marítimo, o desfecho tem que se aceitar. Foi a única equipa com essa ambição (quando até deu ideia de que se o Marítimo quisesse apertar um pouco mais, até poderia ter sido ameaçador).

Apreciação Individual:
Rui Patrício: Como fomos dizendo, Patrício foi fundamental na forma como adiantado impediu que o Marítimo pudesse explorar o adiantamento da defesa do Sporting. Adiantamento esse, que fez com que a equipa jogasse muito tempo no meio campo do Marítimo e recuperasse a bola muito à frente no terreno.

João Pereira: Estava a fazer um bom jogo. Os dribles habituais (perigosos, porque se perde a bola, dá sempre contra ataque perigoso), e rapidez a recuar. Mas alguém tem que lhe dizer que deve reclamar muito menos. Habilita-se a ter um dissabor. Quem vai para cima dos adversários como ele faz (e muito bem) tem que esperar ser carregado. O que também pode ser bom para a equipa. Num dos momentos em que com abnegação recuou, lesionou-se num choque com Patrício. Esperemos que não seja grave, porque faz muita falta.

Evaldo: Bem intencionado, com muita bola, sempre em alta rotação, mas nunca conseguiu desequilibra.

Nuno André Coelho: Temos central. Ganhou todas as bolas pelo ar, não fez faltas desnecessárias e não teve problemas em transportar a bola. Hoje disseram-me que lhe faltam pezinhos. Não concordo. NAC é jogador. E revelou que pode ser útil nos remates de longe.

Carriço: Está muito intranquilo. Parece que vai sempre à queima aos lances. Não tem nenhuma falha evidente, mas parece que quer fazer demais e em situações em que não há necessidade (jogador de costas para a baliza e virado para a linha lateral... não tem que ser carregado - Por exemplo). Mas foi dos melhores jogos que fez. E ainda cumpriu a lateral direito.

André Santos: Jogão. Compensou ambos os laterais, ganhou lances divididos, conseguiu sair a jogar com a bola nos pés, ameaçou a baliza adversária, fez faltas que impediram contra ataques (o que prova que é um jogador que aprende rapidamente com os erros), e não foi por ele que a transição defesa ataque não foi mais fluída.

Maniche: Onde anda o Maniche da pré-época? Não se envolve na saída para o ataque, parece estar sempre no sítio errado (neste jogo muito encostado às linhas, mesmo quando lance decorria na outra ponta do campo e na posse do adversário), e complica nas opções que toma quando tem a bola nos pés. Salvam-se os remates de meia distância. Mas muita da dinâmica que o Sporting tem perdido, tem sido pelo seu baixo rendimento.


Zapater: Mostrou bom passe, simplicidade de processos, e uma enorme atitude (a saída de campo é deliciosa e inspiradora). Não mostrou boa recepção (quiçá algo intranquilo) nem colocação no campo. A rever, mas percebe-se melhor porque Paulo Sérgio não foi capaz de apostar nele cegamente. A rever.

Yannick: Bom, tacticamente foi um portento. Recuperou várias bolas na defesa e fechou bem, sempre que Evaldo subiu, mas... Yannick tem que ser velocidade. E ele nunca fez uso dela. Mesmo quando passou para o meio cumpriu tacticamente mas faltou a explosão.

Vukcevic: Está em boa forma. E o problema dele é que quando está em boa forma esquece-se de tudo o que tem de fazer correctamente. Tecnicamente excelente: Extraordinária recepção orientada no peito em rotação para a baliza, grande remate à trave, forte no um para um. Mas não percebe o básico do futebol. A forma como não consegue evitar os foras de jogo na segunda parte, ou como não devolve a bola a Liedson por duas vezes... Mas na forma em que está, é o que mais provavelmente provocará desequilíbrios.

Liedson: Não se entende com Vukcevic. E ainda por cima quando finalmente convenceu o montenegrino a assisti-lo... falhou um golo que parecia fácil. Sofreu o penalty que deu o golo.


Polga: Muito à semelhança de Carriço. Como é que num jogo sem trabalho nenhum se pode demonstrar tanta intranquilidade? De positivo, arrancou a falta que deu origem ao lance do Penalty.

Matias Fernandez: Marcou o Penalty.  Gosto muito deste jogador, mas não tem estado à altura do meu gosto por ele e ontem, tirando a competente finalização do Penalty (num momento de pressão, note-se), não foi diferente.

Saleiro: Ganhou um livre à entrada da àrea, e batalhou muito para ganhar lances divididos. Mas é estranho que desde que a época começou só tenha feito um remate à baliza (contra o Paços e para falhar um golo fácil...). É pouco.

E para o fim deixo Bruno Paixão. Um ódio de estimação que tenho. Cada jogo de Bruno Paixão é um compêndio sobre como complicar o que é fácil. E a forma como transformou a agressão a Daniel Carriço num amarelo para ambos os jogadores é pouco mais que brilhante. "Tu bateste-lhe: Amarelo; Tu deixaste que ele te batesse: Amarelo.". E assim andamos há anos.

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