O Sporting venceu na Figueira da Foz por 3 a 1, num jogo em que foi muito superior ao adversário, mas que foi marcado por altos e baixos.
Paulo Sérgio estruturou a equipa num 4-4-2 côxo do lado esquerdo, em que os desequilibrios na referida faixa estavam a cargo de Evaldo e das movimentações de Yannick e Liedson.
A equipa inicial foi: Rui Patrício, Abel, Evaldo, Nuno André Coelho e Carriço; André Santos, Maniche, Matias Fernandez e Valdes; Yannick e Liedson.
O Sporting começou muito cedo a mandar no jogo, com muita posse de bola, muita circulação, boas movimentações e uma Naval que raramente chegou à baliza guardada por Rui Patrício. A primeira parte do Sporting, impressionou pela maturidade da equipa, pela forma como pressionou alto (muito bem os centrais, e sobretudo Daniel Carriço a calar a minha voz crítica), como procurou as zonas laterais e com a boa leitura de jogo de Paulo Sérgio. Vendo que a Naval só tinha um jogador na frente, deu ordem aos dois laterais para se soltarem e subirem até ao mesmo tempo. Valdes, fazia movimentos interiores e abria espaço para Abel subir e Evaldo já seria por si só o catalisador do lado esquerdo. A chave para toda esta propensão ofensiva era André Santos (mais um jogão), a compensar as subidas dos laterais, e a fechar quando os centrais subiam com a bola. Também Daniel Carriço foi muito importante na forma como comandou a defesa e subiu as linhas de modo a encurtar o campo para a Naval. Sem ser demolidor, o Sporting foi pressionante, por vezes asfixiador e não permitiu que a Naval saísse a jogar. Ofensivamente, continuou a faltar qualquer coisa ao Sporting. Mais Matias no último terço (poucas rupturas para a zona de finalização), e maior capacidade para cruzar bolas para a àrea (com o caudal ofensivo que o Sporting teve, fazer 6 ou 7 cruzamentos é pouco).
Naturalmente chegou à vantagem, num lance em que Liedson beneficiou de posição irregular para influenciar a jogada e marcar. Logo de seguida Matias podia ter feito o 2 a 0. O Sporting foi para intervalo com uma vantagem merecida.
A segunda parte foi diferente. Por vários motivos. A Naval meteu outro jogador na linha da frente, e Evaldo não corrigiu o seu posicionamento, o que fez com que a Naval mais facilmente chegasse à baliza do Sporting. Nesta altura, Nuno André Coelho tremeu um pouco, mas o Sporting continuou a ser mais equipa e com transições rápidas tb chegou mais perto da baliza da Naval. Marcou o 2 a zero num penalty algo duvidoso (aceita-se que marque... mas também se aceitava que deixasse jogar, até porque dificilmente o àrbitro vê a falta que o jogador da Naval comete) e o 3 a zero num erro incrível do defesa Lupede.
O Sporting da segunda parte viveu muito de 3 jogadores: André Santos, Maniche e Valdes. André Santos tapou os buracos, Maniche garantiu a transição e Valdes espalhou o pânico no último terço da Naval.
A vencer por 3 a zero o Sporting fez descansar André Santos, e a partir desse momento perdeu o controlo do jogo. E nesta altura, não foi uma equipa de classe. Não controlou o ritmo do jogo, e não aproveitou para marcar mais. Aliás, expôs-se a sofrer golos e assim aconteceu, num lance em que Abel e André Coelho poderiam ter feito mais.
Vitória justa, com 70 minutos de elevada qualidade do Sporting. A diferença que uma vitória faz está à vista, e esta equipa voltou a demonstrar que é muito superior à que o ano passado defendeu as cores do clube.
Elmano Santos fica ligado à vitória do Sporting pelas suas decisões nos lances dos dois primeiros golos. No primeiro há fora de jogo, e no segundo até se aceita que haja falta sobre Liedson (rasteira com o pé da frente e corte com o de trás), mas da influência não se livra. Ah, disso e de não saber que não há lei da vantagem nas faltas dentro da àrea. Liedson sofreu penalty, só tinha que marcar independentemente do Levezinho ter saído a jogar.
Apreciação Individual:
Rui Patrício - Podia ter metido o dia de férias.
Abel - Bom jogo. Tacticamente conferiu largura ao ataque, defendeu bem o seu flanco. Foi mal batido num lance de cabeça no golo da Naval. Mas cumpriu, e até desequilibrou.
Evaldo - Correu, correu, correu. Não tinha ninguém do seu lado e subiu. Quando passou a ter alguém do seu lado... continuou a subir. Impressiona pela capacidade física, mas convinha conseguir meter mais cruzamentos na àrea.
Carriço - Excelente jogo. Ganhou confiança na Dinamarca e foi imperial na primeira parte. Na segunda, tb esteve bem, com um corte magnífico a meio da segunda parte. Só falho numa falta escusada que faz a meio campo e que permitiu à Naval bombear a bola para a àrea do Sporting.
Nuno André Coelho - Na segunda parte esteve débil. Sentiu dificuldades quando teve que compensar as subidas de Evaldo, e não foi suficientemente lesto no lance do golo da Naval. Pela positiva, bolas discutidas ar, são todas dele. Que bom ter um central assim.
André Santos - E de repente... Pedro Mendes pode recuperar com mais calma. A subida do Sporting deve-se muito à sua subida. Apareceu em todo o lado, recuperou muitas bolas, e combinou bem com Fernandez e Maniche nas saídas para o ataque. A sua cultura táctica e a forma como compensou laterais e centrais impressionou. Temos homem. E quando Pedro Mendes voltar... outros poderão ter que descansar também.
Maniche - Bom jogo. Recuperou muitas bolas, lançou bem o ataque, não fez nada mal. Só lhe fltou aparecer a rematar. Reapareceu o Maniche da pré-época. Afinal só precisava de companhia no meio campo.
Matias Fernandez - Tem um toque de bola fantástico. Esta maldade do vídeo aí em cima não está ao alcance de qualquer jogador. Mas pode aparecer mais e finalizar mais vezes. Exibição positiva, mas vê-se que tem mais para dar.
Valdes - Epá, temos homem. Andava escondido, mas fez um bom jogo hoje. O lateral esquerdo da Naval, sofreu o jogo todo. A forma como devagar, devagarinho passava pelos adversários e arranjava espaço para fazer o que queria fez lembrar o saudoso Pedro Barbosa (mas sem a técnica imaculada do Grande Capitão). Pode vir a ser importante.
Yannick - Respira confiança. Fisicamente é aquilo que todos sabem. Infelizmente, tecnicamente também. Ciente disso, Paulo Sérgio desenhou um esquema em que Yannick recebe a bola onde tem que receber. No último terço e de frente para a baliza. Boa finalização no golo.
Liedson - Marcou um golo, sofreu o penalty que deu o segundo golo e parecia o Liedson de outrora. Recuperou n bolas, fez recepções do outro mundo, jogou sempre de cabeça levantada e foi um quebra cabeças para a defesa da Naval (defesa fraca, diga-se). Obrigado Levezinho por mais este lampejo.
Zapater - A sua entrada coincidiu com o pior Sporting da partida... e ele não foi inocente nessa transfiguração. Não deu os equilibrios de André Santos e não arranjou maneira de conseguir sair a jogar. Mas foi pouco tempo. Vê-se que há ali qualidade de passe. E estou ansioso para que tenha a oportunidade de bater um livre directo perto da àrea.
João Pereira - Entrou para correr.
Saleiro - Esteve pouco tempo em campo. Mas entrou cheio de vontade. E de facto acrescentou algo à equipa. Posse de bola, calma e inteligência.