terça-feira, 31 de agosto de 2010

Naval 1, Sporting 3

O Sporting venceu na Figueira da Foz por 3 a 1, num jogo em que foi muito superior ao adversário, mas que foi marcado por altos e baixos.

Paulo Sérgio estruturou a equipa num 4-4-2 côxo do lado esquerdo, em que os desequilibrios na referida faixa estavam a cargo de Evaldo e das movimentações  de Yannick e Liedson.

A equipa inicial foi: Rui Patrício, Abel, Evaldo, Nuno André Coelho e Carriço; André Santos, Maniche, Matias Fernandez e Valdes; Yannick e Liedson.

O Sporting começou muito cedo a mandar no jogo, com muita posse de bola, muita circulação, boas movimentações e uma Naval que raramente chegou à baliza guardada por Rui Patrício. A primeira parte do Sporting, impressionou pela maturidade da equipa, pela forma como pressionou alto (muito bem os centrais, e sobretudo Daniel Carriço a calar a minha voz crítica), como procurou as zonas laterais e com a boa leitura de jogo de Paulo Sérgio. Vendo que a Naval só tinha um jogador na frente, deu ordem aos dois laterais para se soltarem e subirem até ao mesmo tempo. Valdes, fazia movimentos interiores e abria espaço para Abel subir e Evaldo já seria por si só o catalisador do lado esquerdo. A chave para toda esta propensão ofensiva era André Santos (mais um jogão), a compensar as subidas dos laterais,  e a fechar quando os centrais subiam com a bola. Também Daniel Carriço foi muito importante na forma como comandou a defesa e subiu as linhas de modo a encurtar o campo para a Naval. Sem ser demolidor, o Sporting foi pressionante, por vezes asfixiador  e não permitiu que a Naval saísse a jogar. Ofensivamente, continuou a faltar qualquer coisa ao Sporting. Mais Matias no último terço (poucas rupturas para a zona de finalização), e maior capacidade para cruzar bolas para a àrea (com o caudal ofensivo que o Sporting teve, fazer 6 ou 7 cruzamentos é pouco).

Naturalmente chegou à vantagem, num lance em que Liedson beneficiou de posição irregular para influenciar a jogada e marcar. Logo de seguida Matias podia ter feito o 2 a 0.  O Sporting foi para intervalo com uma vantagem merecida.

 A segunda parte foi diferente. Por vários motivos. A Naval meteu outro jogador na linha da frente, e Evaldo não corrigiu o seu posicionamento, o que fez com que a Naval mais facilmente chegasse à baliza do Sporting. Nesta altura, Nuno André Coelho tremeu um pouco, mas o Sporting continuou a ser mais equipa e com transições rápidas tb chegou mais perto da baliza da Naval. Marcou o 2 a zero num penalty algo duvidoso (aceita-se que marque... mas também se aceitava que deixasse jogar, até porque dificilmente o àrbitro vê a falta que o jogador da Naval comete) e o 3 a zero num erro incrível do defesa Lupede.

O Sporting da segunda parte viveu muito de 3 jogadores: André Santos, Maniche e Valdes. André Santos tapou os buracos, Maniche garantiu a transição e Valdes espalhou o pânico no último terço da Naval.
 A vencer por 3 a zero o Sporting fez descansar André Santos, e a partir desse momento perdeu o controlo do jogo. E nesta altura, não foi uma equipa de classe. Não controlou o ritmo do jogo, e não aproveitou para marcar mais. Aliás, expôs-se a sofrer golos e assim aconteceu, num lance em que Abel e André Coelho poderiam ter feito mais.

Vitória justa, com 70 minutos de elevada qualidade do Sporting. A diferença que uma vitória faz está à vista, e esta equipa voltou a demonstrar que é muito superior à que o ano passado defendeu as cores do clube.

Elmano Santos fica ligado à vitória do Sporting pelas suas decisões nos lances dos dois primeiros golos. No primeiro há fora de jogo, e no segundo até se aceita que haja falta sobre Liedson (rasteira com o pé da frente e corte com o de trás), mas da influência não se livra. Ah, disso e de não saber que não há lei da vantagem nas faltas dentro da àrea. Liedson sofreu penalty, só tinha que marcar independentemente do Levezinho ter saído a jogar.

Apreciação Individual:

Rui Patrício - Podia ter metido o dia de férias.

Abel - Bom jogo. Tacticamente conferiu largura ao ataque, defendeu bem o seu flanco. Foi mal batido num lance de cabeça no golo da Naval. Mas cumpriu, e até desequilibrou.

Evaldo - Correu, correu, correu. Não tinha ninguém do seu lado e subiu. Quando passou a ter alguém do seu lado... continuou a subir. Impressiona pela capacidade física, mas convinha conseguir meter mais cruzamentos na àrea.

Carriço - Excelente jogo. Ganhou confiança na Dinamarca e foi imperial na primeira parte. Na segunda, tb esteve bem, com um corte magnífico a meio da segunda parte. Só falho numa falta escusada que faz a meio campo e que permitiu à Naval bombear a bola para a àrea do Sporting.

Nuno André Coelho - Na segunda parte esteve débil. Sentiu dificuldades quando teve que compensar as subidas de Evaldo, e não foi suficientemente lesto no lance do golo da Naval. Pela positiva, bolas discutidas ar, são todas dele. Que bom ter um central assim.

André Santos - E de repente... Pedro Mendes pode recuperar com mais calma. A subida do Sporting deve-se muito à sua subida. Apareceu em todo o lado, recuperou muitas bolas, e combinou bem com Fernandez e Maniche nas saídas para o ataque. A sua cultura táctica e a forma como compensou laterais e centrais impressionou. Temos homem. E quando Pedro Mendes voltar... outros poderão ter que descansar também.

Maniche - Bom jogo. Recuperou muitas bolas, lançou bem o ataque, não fez nada mal. Só lhe fltou aparecer a rematar. Reapareceu o Maniche da pré-época. Afinal só precisava de companhia no meio campo.






Matias Fernandez - Tem um toque de bola fantástico. Esta maldade do vídeo aí em cima não está ao alcance de qualquer jogador. Mas pode aparecer mais e finalizar mais vezes. Exibição positiva, mas vê-se que tem mais para dar.

Valdes - Epá, temos homem. Andava escondido, mas fez um bom jogo hoje. O lateral esquerdo da Naval, sofreu o jogo todo. A forma como devagar, devagarinho passava pelos adversários e arranjava espaço para fazer o que queria fez lembrar o saudoso Pedro Barbosa (mas sem a técnica imaculada do Grande Capitão).  Pode vir a ser importante.

Yannick - Respira confiança. Fisicamente é aquilo que todos sabem. Infelizmente, tecnicamente também. Ciente disso, Paulo Sérgio desenhou um esquema em que Yannick recebe a bola onde tem que receber. No último terço e de frente para a baliza.  Boa finalização no golo.

Liedson - Marcou um golo, sofreu o penalty que deu o segundo golo e parecia o Liedson de outrora. Recuperou n bolas, fez recepções do outro mundo, jogou sempre de cabeça levantada e foi um quebra cabeças para a defesa da Naval (defesa fraca, diga-se). Obrigado Levezinho por mais este lampejo.

 Zapater - A sua entrada coincidiu com o pior Sporting da partida... e ele não foi inocente nessa transfiguração. Não deu os equilibrios de André Santos e não arranjou maneira de conseguir sair a jogar. Mas foi pouco tempo. Vê-se que há ali qualidade de passe. E estou ansioso para que tenha a oportunidade de bater um livre directo perto da àrea.

João Pereira - Entrou para correr.

Saleiro - Esteve pouco tempo em campo. Mas entrou cheio de vontade. E de facto acrescentou algo à equipa. Posse de bola, calma e inteligência. 

5 comentários:

  1. Não posso concordar com a teoria de que há uma falta sobre Liedson no lance do penalty. O defesa joga a bola e Liedson cai depois. Corte limpo e espanta-me como é que se consegue encontrar ali uma falta.
    Apesar disso, e do primeiro golo ser com influência do fora de jogo de Liedson numa fase inicial, o Sporting mereceu vencer uma equipa muito, muito fraca. O jogo da Naval foi horrível mas não se deve retirar mérito a um Sporting bem organizado, com movimentações interessantes mas atenção: com uma equipa a sério, André Santos e Valdés verão o seu rendimento baixar porque não terão a sua vida tão facilitada.

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  2. Johnny, eu explico como é que é possível:

    http://videos.sapo.pt/BapFQoSvYScDeKzLh5T6

    Segundo 5. O jogador da Naval é descuidado na forma como aborda o lance. Vai com as duas pernas e corta a bola com a de trás (a segunda que se faz ao lance) e toca no Liedson com a da frente. Como poderás ver.

    Eu não marcava penalty, e duvido que seja essa a falta que o àrbitro sanciona (porque só se vê em câmara lenta, e francamente não se percebe muito bem o que acontece primeiro). Ou seja, é um lance muito duvidoso, em que a decisão do àrbitro influencia claramente.

    Mas está longe de ser um roubo de igreja.

    Não concordo com a teoria de que esta Naval é uma equipa muito fraca. Penso que tem que se dar mérito ao Sporting na forma como a desposicionou em vários momentos do jogo, com uma circulação de bola muito activa e fruto de muito trabalho de treino.

    Esta Naval criou grandes dificuldades ao FCP, que é uma equipa mais vertical, mais rápida a chegar ao ataque e que não circula a bola lateralmente como a do Sporting. Ou seja, não a conseguiu desposicionar.

    Penso que teve um jogo menos conseguido, sem dúvida. Mas daí a dizermos que é fraca... Acho que não é fraca nem forte. É a típica equipa do campeonato nacional.

    No fundo o teu comentário dá a entender muito subtilmente que o SCP só se safou porque jogou com uma equipa muito fraca. E não foi assim. Jogou com uma equipa igual a tantas outras do campeonato nacional, que apresentou um central de qualidade duvidosa e que não se deu bem com a circulação de bola do Sporting, que lhe permitiu isolar um para um vários jogadores na linha ,porque foi objectiva e suficientemente rápida (daí o Valdes ter brilhado, e quem diz o Valdes diz o Evaldo). Outras certamente não terão tanta dificuldade, outras terão a mesma e algumas até poderão ter mais.

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  3. Faltou dizer que muito mais grave é o lance do primeiro golo.

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  4. Bom, digamos que o jogo com o Olhanense veio revelar fragilidades na construção e na concretização de oportunidades de golo, frente a equipas mais bem organizadas como é o caso do Olhanense, comparativamente com a Naval.
    O central da Naval voltou a enterrar este fim de semana: penalty e expulsão em Coimbra. Também o treinador da Naval achou que a equipa foi tenrinha "pareciamos um bando de adolescentes". Não vejo grandes perspectivas para esta equipa, ela que tem feito sempre razoáveis classificações desde que subiu à primeira liga.

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  5. Ainda não tive oportunidade de colocar o post, mas, não concordo com o que dizes.

    Primeiro, ou há dificuldades na construção, ou há dificuldades na concretização.

    O Sporting tem pelo menos 5 bolas de golo feito com uma equipa organizada como é o Olhanense. 3 delas finalizadas com o guarda redes adversário no chão, uma bola à trave, e mais uma concretização perto da pequena àrea.

    Construiu e bem. Mas não finalizou. As falhas de finalização, não podem, no meu entender, ser atribuídas ao facto de se jogar com uma equipa mais organizada.

    Evidente que o Olhanense foi melhor equipa que a Naval. Mas o Sporting também foi melhor equipa com o Olhanense do que com a Naval.

    P.S.: O Olhanense não tem uma única oportunidade de golo o jogo todo. Aliás, nem sei bem se tem remates. Se tem, nenhum foi perigoso. E o Olhanense é uma equipa bem estruturada, como dizes. E sempre com um olho no contra-ataque. Contudo, nunca conseguiu sair a jogar porque o Sporting fez do ponto de vista táctico um jogo muitíssimo competente. Foi equilibrado e ameaçador. Sem ser avassalador.

    Mas justificou a vitória. Pelo menos, das oportunidades escabrosas que teve uma tinha que ter entrado.

    P.S.: que alegria ter um treinador que tira um Central e mete um avançado quando o resultado não é satisfatório. E mais do que isso, que alegria ver que a partir daí o Sporting se tornou avassalador, como muito bem referiu o treinador adversário (sério exemplo de fair-play).

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